De uns tempos para cá, a violência vem aumentando em todas as partes do País. Diante desta realidade, também tem surgido muitas opiniões a respeito do assunto, sempre é claro, na busca incessante da melhor forma de atenuar a atual situação que aterroriza a população brasileira e desestabiliza os governantes, tanto em níveis municipais, estaduais quanto federal.
Dentro deste contexto, me veio à mente que algum tempo atrás, li uma crônica de Luis Fernando Veríssimo retratando uma situação semelhante a que agora escrevi através de minhas vagas lembranças de tal escrito.
Tudo começou quando alguns amigos, que por não se sentirem mais seguros nas ruas, nos clubes, restaurantes e ultimamente nem mesmo em suas próprias casas e apartamentos, resolveram unir suas finanças e adquirir uma área de terras para criar um condomínio residencial onde pudessem usufruir conforto e segurança. Até aí, nada de novo, uma vez que no País existem inúmeros empreendimentos imobiliários desta natureza.
Obstinados com a idéia de terem suas vidas mais tranqüilas e seguras, os amigos foram em frente e logo começaram a construir suas belíssimas e confortáveis casas, seguidas de outras pessoas de seus círculos de amizades que também foram convidadas a fazer parte daquela iniciativa, sempre é claro, escolhidas a dedo para assegurar que o local se mantivesse seguro. Nos primeiros tempos tudo funcionou muito bem, sem nenhum registro ou queixa de assaltos, roubos ou qualquer tipo de violência. Aliás, dentro do condomínio todos estavam felizes e seguros de que haviam finalmente encontrado a solução de seus problemas.
O condomínio ficava num bairro bem próximo de tudo, ou seja, de uma boa escola para os filhos, de grandes lojas, mercados, locais de lazer e também de seus empregos. Tudo ia tão bem até que um dia começaram os arrombamentos e roubos de algumas casas, fatos que fizeram com que os condôminos contratassem além do porteiro que ficava na guarita de entrada, outros tantos vigilantes que começaram a fazer rondas durante as vinte quatro horas do dia. Inicialmente elas eram feitas a pé e depois passaram a ser motorizadas para percorrerem em menos tempo todos os pontos do residencial. Mesmo assim, os furtos e roubos continuaram acontecendo. Resolveram então aumentar a altura dos muros que circundavam o condomínio, colocando cercas elétricas, guaritas e guardas armados. Mas os roubos e também os assaltos continuavam. Decidiram então, após várias reuniões de condomínio, proibir a entrada das visitas, limitando o contato delas com os moradores a rápidos diálogos na sala da guarda e vigiadas por eles. Como os assaltos e os roubos continuavam, resolveram também obrigar os residentes do local a utilizarem crachás para circularem pelo condomínio e também quando chegassem da rua, mas a violência não parava, inclusive agora até tráfego de drogas já se presenciava nas ruelas do lugar que era para ser de sossego e máxima segurança.
Tudo em vão, a violência crescia a cada dia e para dar um basta na situação, optaram por proibir a entrada e saída de qualquer pessoa do condomínio.
Esta medida, finalmente pôs fim aos roubos e aos assaltos, mas até hoje, infelizmente não conseguiram terminar com a violência que ocorre no local diariamente nas tentativas de fugas e nos motins protagonizados pelos moradores do “Condomínio”. Esta situação, inclusive tem obrigado a Guarda a fazer uso da força em freqüentes ocasiões para não perderem a autoridade diante dos proprietários mais revoltados que insistem em tentar deixar o “condomínio de segurança máxima”, para alcançar novamente a liberdade.
Após esta leitura analisem se de fato não é isto mesmo que está acontecendo em nossa sociedade, ou seja, os criminosos andando livres e bem armados, enquanto as pessoas de bem tentam da maneira que podem se proteger da violência, desarmadas e atrás de grades. Tudo isso deixa claro a inversão de valores que atualmente insidem sobre todos nós!
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