Já se tornou rotina em minhas viagens, observar os lugares por onde ando
e imaginar como eram estas paisagens antes de abrirem picadas e transformá-las
em estradas. Isto de certa forma me faz retroceder no tempo e ver pessoas
simples executando trabalhos rudes de sol a sol, desprovidos da tecnologia e do
maquinário hoje existente. Fico imaginando então como deve ter sido difícil à
vida destas pessoas, principalmente enquanto trabalhavam em locais íngremes de
vegetação densa e com formações rochosas, cenário farto para quem se dirige a
Serra Gaúcha, trecho que optei para ilustrar minhas observações neste texto,
mas poderia ser qualquer outro do território brasileiro.
As aberturas destas picadas inicialmente nas vegetações, seguida de
detonações e mais detonações do rochedo, retiradas de restos destes materiais e
adições de outros até chegar ao asfaltamento e construções de obras de artes
tão necessárias como pontes, viadutos e túneis, pois sem estes artifícios, não
chegaríamos a lugar algum.
Tudo isso certamente demandou muito tempo, dinheiro e sacrifícios, pois
quase tudo era feito manualmente ou por máquinas com poucos recursos, que eram
operadas por estes heroicos desbravadores que com muita pertinácia foram
construindo a grande malha rodoviária que temos hoje.
Olha que naqueles tempos a população era bem reduzida, em relação a que
temos hoje e consequentemente as arrecadações de impostos, igualmente eram
menores e para embravear um pouco mais, não existiam pedágios. Mas mesmo assim
com todas estas dificuldades e escassez de recursos, eles foram capazes de
construir a maioria das estradas que hoje, sem dúvida alguma, facilitam a vida
de todos nós e levam o progresso aos mais longínquos rincões do nosso Estado e
do País.
Aí vem aquela perguntinha que não quer e realmente não pode calar:
- Como tudo isso foi possível?
E respondo dizendo e acreditando, que só pode ter uma explicação:
- Naqueles tempos, os nossos
representantes eram mais comprometidos com a população, davam o devido destino
aos impostos arrecadados e tratavam a coisa pública com altruísmo e ética,
coisa muito rara de se ver em nossos dias. Ou estou errado?
Depois disso ao regressar a nossa realidade, espontaneamente me vem à
mente a enorme carga tributária paga por todos os mortais deste País e que este
governo, que se diz “popular”, quer aumentar ainda mais. E vejo ainda os
diversos pedágios espalhados por todo o território brasileiro, arrecadando dia
e noite sem parar. E mesmo com todas estas máquinas arrecadadoras, somadas as
tecnologias das engenhocas poupadoras de mão de obra e que não são poucas, hoje
“mal conseguem tapar alguns buracos” abertos pelas chuvas um pouco mais
intensas...
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